domingo, 1 de fevereiro de 2015

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Helena era um ser muito caro de nossa equipe e depois da partida de nosso veículo alguns de nós, incluindo a mim, ficamos um pouco tristes com a sua decisão de permanecer naquela Colônia. Foi Maria quem nos chamou a atenção: – Caros amigos, por que a tristeza, se Helena tomou uma linda decisão e com isso nos ensina que uns dos principais passos a nossa evolução é o desapego a tudo que possa nos atrapalhar ou nos impedir de seguir em frente? Nossa irmã decidir-se por ficar para ganhar conhecimento pode estar sendo visto, por alguns de vocês, como se fora um ato de egoísmo da parte dela, mas, ao contrário disso, Helena venceu seu apego aos títulos, ao amor egoísta, e se dispõe, em nome do Pai maior, a recomeçar. E, qual de nós sentimos o chamado em nossos corações, além de Helena? Qual de nós enfrentamos nossos  egos, em nome do próximo e de algo maior? Nada é nosso e aquele que desejar alcançar o reino dos céus que dê tudo o que tem, se desfaça de suas riquezas e siga o chamado do Mestre Jesus. Para variar, fiquei mais uma vez envergonhado com meu egoísmo e, só então, vi que se não fosse pela explicação de Maria, eu perderia uma lição muito grande. – Meus fio, a caminhada é longa e muito teremos que deixar para trás e teremos mesmo que abrir mão de muito e isso não por que somos fracos, pois fracos são os que querem carregar tudo e todos consigo. Somos como as ondas do mar sagrado que vão e vêm, deixando o que é preciso abandonar e só levando consigo para o oceano o necessário – disse o Preto Velho João Guiné com um lindo sorriso – Fios, quantas encarnações os fios já tiveram? Muitos dos companheiros dos fios já estão à frente dos fios na escala evolutiva e outros, infelizmente, ficaram para trás, mas o amor e as lição que estes aprenderam com os espíritos, que Deus coloca nos vossos caminhos, está com os fios e isso sim é o que conta, pois do que adianta está junto e está sozinho, vazio e triste. Pois assim seria a vida de Helena, se não tivesse ficado com nossos amigos, seu corpo perispiritual estaria em Aruanda, mas seu coração não. Com sua decisão, ela levou Aruanda para dentro de si e a terá sempre. Dito isso, nossa conversa correu com alegria e com entusiasmo: sorríamos e contávamos de nossos tempos na terra. Isso nos enchia de alegria, pois, diferentemente do que muitos pensam, nós também temos nossos momentos de descontração. Ser espírito desencarnado é ser fonte de vida, luz e alegria, como gosta de nos falar Ubirajara da 7a Legião de Oxalá, e foi assim que passamos a noite, dentro do veículo de transporte que vencia a escuridão com a velocidade do pensamento. Enquanto conversávamos, alguns guardiões ficavam em alerta. Felipe, ao nascer do sol, chamou nossa atenção para um fato que até então me passara despercebido. Entráramos em zona de mata fechada e passávamos próximo de montanhas frias e, conforme o veículo avançava mata adentro, tudo ia ficando frio e ganhando uma cor esmaecida, as folhas antes verdes e reluzentes agora estavam enegrecidas, uma neblina baixara e quase nada conseguíamos enxergar. Já o veiculo, que parecia ter vida própria, desviava com maestria de árvores, que pela aparência deviam estar ali há séculos. Diminuímos a velocidade e vultos tornaram-se visíveis a nós, sentíamos a energia pesada que emanavam e que também começavam a interferir em nossos pensamentos: eu começara a ouvir gritos de agonia dentro de minha mente. Henrique segurou minhas mãos, enquanto dizia: – Sua mente, Pai, é a sua fortaleza, concentre-se no bem que veio fazer e vigiai e orai ao Pai maior. Então, uma imensa muralha de madeira se formou diante de nós e, antes de desmaiar, eu pude ver os índios que abriam o portão daquele Centro de Socorro, que muito me surpreenderia...

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