sábado, 3 de maio de 2014

Página 44

Saímos daquele local com os nossos corações cheios de esperança e com a certeza de que por mais que seja difícil o trabalho no bem, ele é muito gratificante e, sim, nos elevará, o nosso estado de espírito, sempre nos aproximando de deus. A convite de Henrique, fomos, então, ver como vivia Marcos para que, assim, pudéssemos tentar ajudar Bete. Assim sendo, chegamos a uma casa simples, mas bonita. Era cedo ainda e a família se preparava para ir à igreja, no culto dominical. Marcos era um ser alegre, cantava enquanto se preparava e tratava sua esposa, Beatriz, amorosamente. Ela, por sua vez, se desdobrava em atenção ao novo marido e à filha, Cibele, de 6 anos, que ela trazia de outro casamento. Um espírito que trajava um terno branco e que emitia uma linda luz estava na casa e veio nos receber: – Que a paz do Cristo esteja com vocês, irmãos, disse ele sorrindo. – E com você também, Inácio. Fico feliz em ver você por aqui. – Hoje é um dia especial, Henrique, minha pequena Cibele cantará no culto e eu, como pai coruja, não poderia faltar. Henrique sorriu gostosamente e disse: – Pois o pai coruja faz muito bem em prestigiar essa pequena guerreira. Eu e Humberto nos olhávamos curiosos e lhe perguntei: – Amigo Inácio, não te incomoda ver sua família dirigida por outro homem? Inácio respirou fundo e me disse: – Fui muito feliz com Beatriz. Quando estive encarnado namoramos por dez anos e fomos casados por mais três anos. Quando ela engravidou foi tão grande minha emoção que não saberia explicar em palavras o que senti, porém um mês antes de Cibele nascer sofri um grave acidente de automóvel, que me fez retornar à pátria espiritual. Ficamos todos arrasados e por muito tempo sofri, enfim, fui recolhido a uma colônia evangélica e lá aprendi o verdadeiro sentido das escrituras sagradas. Hoje, Beatriz segue o cronograma feito pelo alto, casou-se novamente, com Marcos, e que, na espiritualidade, já prometera cuidar delas para mim. Meus olhos estavam marejados com tamanho amor e entrega e com aquela história verdadeira de amor puro. Mas, a que devemos, hoje, visitas tão ilustres? – Estamos aqui para saber como vive Marcos, pois uma antiga namorada pode investir com forças do mal sobre esta família e queríamos ter certeza de que ele estava vivendo bem, para que estas forças não os façam desviar de seus caminhos. Como sabes, nós espíritos nos comprometemos tanto na espiritualidade e fazemos completamente ao contrário quando estamos aqui e isso é porque a carne, fio, tem um poder muito grande ainda sobre nós, espíritos ainda tão primitivos, precisamos  aprender a dar ouvidos aos sentidos do espírito e não só aos sentimentos da carne  – disse João. Maria, que ali estava apenas observando também falou: – Nessas ocasiões é que descobrimos aqueles que realmente estão comprometidos com o espírito, ou seja, quando as provas batem em nossa porta e nos desafiam a praticar tudo o que aprendemos com o Cristo. Lares harmoniosos como esse sofrem rachaduras, nos momentos difíceis, se são apenas alimentados por futilidades, se os pais não educam seus filhos e não os orientam a terem atitudes cristãs tudo se perde. Como nessa família, em que a espiritualidade maior e os encarnados passaram anos fazendo planejamentos, trabalhando para quando estivessem na carne seus cronogramas fossem cumpridos santamente. Porém, queremos uma vida fácil e cheia de flores pelo caminho, esquecendo que além de estarmos em um mundo de provas e expiações plantamos espinhos outrora.  – Mas, hoje, o mundo é cheio de tentações, de tecnologia, de futilidades, como preparar um filho para o caminho do bem, com tudo isso? – perguntou Humberto. – Os espíritos vêm nascendo com mais conhecimento e a cada dia seus tutores também vêm sendo preparados de forma diferente. A evolução é para todos Humberto, não só para os que vêm como filhos, mas também para os pais, preste atenção nessa família. Os pais estão fazendo de um momento de fé um momento alegre, atrativo aos olhos da criança, enquanto em muitas casas se vai para o templo religioso como se vai para um velório, ou, então, os pais vão e deixam seus filhos para traz com a desculpa de não forçá-los a seguirem algo que não querem. – Mas o que fazer quanto a isso, Maria? Os jovens acham as religiões muito chatas. – disse Inácio. – E não são? Muitas religiões se esqueceram de evoluir e só agora começam a se preocupar com seus jovens. Esqueceram-se de que eles são o futuro da religião. Poucas dão espaço ao novo com desculpas do tipo “temos que manter as tradições” e, assim, não lhes dão oportunidade afastando-os da religião. É, sim, obrigação dos pais apresentarem a religião aos filhos e é obrigação dos religiosos evoluírem, para caminharem sempre congregando o novo e o tradicional. Maria falava com fervor, o que nos fazia pensar nesse problema tão grave e ainda tão pouco explorado. – Como é triste assistir a chegada de jovens, filhos de religiosos de todas as denominações, aqui no plano espiritual! Em geral, eles chegam acusando seus pais de negligência em relação ao amor e ao compromisso firmado antes, aqui, no plano espiritual. Pois muitas vezes, tais pais vivem para a religião e esquecem a família, vivem a ajudar aos outros e não conseguem abraçar o próprio filho. Você é um exemplo a ser seguido Inácio! Como estou feliz em conhecer sua história! – disse Maria com os olhos cheios de lágrimas. Saímos acompanhando aquela família, que agora se dirigia à igreja. Do outro lado da calçada, Bete observava-os com ódio, acompanhada por espíritos que a estimulavam no mal. Entramos no imenso templo religioso em que estavam presentes cerca de 500 pessoas encarnadas e uma multidão de desencanados. Homens de ternos faziam a segurança do local. No plano espiritual, uma energia de paz e amor protegia o local, enquanto uma legião de espíritos maltrapilhos se aglomerava na porta. Esse era o momento do socorro do Pai de Misericórdia. Uma equipe de espíritos vestindo ternos brancos trabalhava do lado de fora do templo, uma irmã de saia branca e blazer da mesma cor veio nos cumprimentar: – A paz do Senhor, irmãos! – abraçou João e Maria com carinho e me olhando, ternamente, me disse: – Seja bem-vindo, Mensageiro de Aruanda, ao nosso lar, onde você descobrirá que seu maior inimigo é seu melhor amigo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário