segunda-feira, 10 de março de 2014

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Saímos daquele lugar que tanto nos ensinara e voltamos à Casa Espírita que nos abrigava. Já era dia e a manhã nascia cheia de trabalho e esperanças, tanto para o plano espiritual quanto para o material. E, naquela manhã, aconteceria uma reunião pública, em que se oferecia a mensagem do evangelho e passes para os encarnados, que chegavam ali cheios de dúvidas e com os corações partidos por seus problemas. Tais assistidos eram recebidos por trabalhadores de boa vontade. A palestra daquela manhã seria sobre o amor. O palestrante falaria, portanto, para os dois planos da vida e, assim sendo, uma grande leva de espíritos que sofriam por suas decepções carnais foram levados para ali, para que ouvissem a respeito desse sentimento tão nobre e tão mal vivido quando estamos na carne. Uma encarnada nos chamou a atenção: seu campo vibratório estava tomado por uma energia vermelha, densa e repleta de vermes nascidos do ódio e da dor. Junto dela encontravam-se alguns espíritos que tentavam limpar seu campo vibratório. Ao nos aproximar daquele ser infeliz, notamos, porém, que nada do que ela ouvia ali tocava seu coração, pois seu ódio apenas crescia e ela se afundava naquela doença. Ela dizia a uma moça serena e de sorriso fácil que estava sentada ao seu lado: – Elisa, não sei o que estou fazendo aqui. Este lugar não vai trazer meu marido de volta e ainda todo esse falatório sobre perdão e amor... Esse povo aqui não sabe o que é sofrer, aposto que nunca tiveram uma desilusão. Elisa segurava a mão da amiga e lhe dizia: – Acalme-se Bete! Ouça e entenda como o perdão e amor a nós próprios é o caminho mais correto a seguir. Ainda assim, a amiga pouco lhe deu ouvidos e nem mesmo o passe magnético pôde ajudar aquela moça. Ao terminar o evangelho, João nos chamou para acompanhar e compreender o caso mais profundamente e, assim sendo, seguimos para a casa de Bete. Quando lá chegamos, o cenário era aterrorizador: as energias localizadas em seu campo vibracional se espalharam pela casa e espíritos maltrapilhos desfrutavam dessa energia. Bete continuava a reclamar com a amiga Elisa: – Marcos tem que pagar pelo mal que me fez! Perdi os melhores anos de minha adolescência com aquele infeliz, para ele agora se casar com outra. – Calma Bete, não podemos obrigar o outro a nada e, além do mais, isso já faz dois anos. Você precisa viver, sair para se divertir, arrumar outro namorado. – Você está louca, Elisa! Não quero ninguém! Eu sou do Marcos e ele é meu! – Amiga, está obsessão está te fazendo mal. Você se tornou uma pessoa amarga e deixou de viver sua vida. – E quem vive bem Elisa? Você? Com está historia de espiritismo, com seus trabalhos de caridade? Lógico que vive: você tem namorado! Eu não, eu fui abandonada. Nada pior na vida que ser abandonada, minha cara! A conversa continuava com Elisa tentando alerta a amiga para o problema, quando Humberto perguntou: – João, o que podemos fazer para ajudar este ser, que tanto sofre por amor? – Isso não é amor Humberto. Nossa irmã, infelizmente, se encontra doente. O verdadeiro amor, como ouvimos hoje, é puro e não nos faz sofrer. É livre e nos abre portas, é sábio e nos ensina a viver. É livre de todo o egoísmo, nossa irmã se encontra cega por uma obsessão: por achar que o outro é seu. Isso leva muitos encarnados a cometerem atos que lhe custarão muito mais, quando mais à frente despertarem para a verdade. – Mas, nós não podemos fazer nada quanto a isso? – perguntei. – Estamos fazendo, Ortêncio. Tudo o que é possível. Intuímos nossa irmã através de Elisa e assim a levamos à Casa Espírita. Porém, todos nós temos o livre-arbítrio e não podemos obrigar ninguém a nada. – Por que as energias benéficas do passe não conseguiram dissipar este campo vibracional em que Bete se encontra? – perguntou Humberto. Então, foi a vez de Felipe responder: – Simplesmente amigo porque nossa irmã não permitiu. De nada adiantará que nós queiramos ou nos esforcemos em ajudar um encarnado sem que ele próprio faça a sua parte. Foi o próprio Jesus quem falou: faça por onde que eu te ajudarei. Não foi? Por isso que toda cura ou toda doença começa pelo espírito, pela mente, e depois chega ao corpo físico. Muitos acham que indo à Casa Espírita, ou ao Centro de Umbanda e às igrejas em geral, enfim, que apenas por estarem no interior desses recintos serão curados. Mas, isso não acontece, evidentemente. É quando dizem, então, que a religião é ruim e/ou culpam os espíritos, os santos, os guias e até mesmo Deus, mas, se esqueceram de fazer sua parte. É a fé que cura. São suas próprias atitudes e sua vontade de melhorar. Os mentores intuíam Elisa, em seus conselhos à amiga, já que não conseguiam se aproximar de Bete, devido sua baixa vibração. Mas, depois do almoço, Bete ficou sozinha, pois sua amiga tinha outros afazeres. Logo após a amiga sair, Bete, inspirada por espíritos sem luz, pegou um cartão na bolsa e pensou: – Isso sim vai me trazer o Marcos de volta, não esta besteira de Jesus. Ela saiu e nós a acompanhamos, o rosto de seu mentor, que agora se juntara a nós, era de extrema preocupação,
Bete chegou ao endereço que constava no cartão: uma casa bonita, em cujo muro havia uma grande placa que dizia: Mãe Maria – Faz trabalho para o amor, ajuda em situação financeira e cura doenças. Bete ainda não tinha como saber, mas ter ido ali mudaria radicalmente seu destino...

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