quarta-feira, 16 de outubro de 2013

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Logo estávamos diante do globo terrestre e a cada segundo minha ansiedade aumentava. Evidentemente, eu não poderia deixar de notar o quanto o planeta era lindo, assim como eram diferentes as energias que sentíamos ao nos aproximar dele. Percebi que, praticamente o tempo todo, luzes de diversas cores eram emitidas da terra. Foi Guilherme quem me chamou a atenção para esse fato. Era um jovem rapaz que aparentava ter uns 20 anos e fazia parte da terceira de Omolu e que nos acompanhava como o médico responsável pela Missão. Ele me disse: – Estas luzes, amigo, são das caravanas que partem do plano terrestre a todo o momento. Espíritos que deixam o planeta escola rumo à vida maior. O trânsito por aqui é contínuo, ocorre a qualquer hora, pois muitos são os recursos do pai para socorrer seus filhos. Eu estava maravilhado com tudo o que via e sentia, logo também estava sentindo a atmosfera terrestre, pois nosso veículo foi descendo lentamente. Era noite e o movimento de encarnados nas ruas era quase nenhum, porém o plano espiritual trabalhava sem parar. Estávamos em frente a uma casa espírita iluminada por uma linda luz verde, as ruas ao seu redor eram tomadas por espíritos de todos os tipos. Equipes de socorro faziam o trabalho de campo com aqueles que realmente queriam socorro, pois muitos estavam ali buscando abrigo e compaixão. Veículos parecidos com o nosso, mas um pouco menores saiam, periodicamente, do local. A segurança era um ponto forte da casa: no portão estavam dois grandes índios e, no entorno dela, guerreiros com malhas de ferro douradas, os quais mantinham o local protegido de invasores. Saímos do veículo e nos dirigimos ao portão, quando Henrique disse-nos:  Amigos, muitos de vocês já conhecem esta casa espírita de oração. Ela será nosso quartel general nessa missão, por alguns motivos: o primeiro deles é que muito dos médiuns que aqui trabalham estão se esforçando para aceitar e trabalhar com nossos irmãos Índios e Pretos Velhos. A direção dos trabalhos espirituais é dividida por uma índia e um médico alemão. Também é aqui que o médium escrevente vem se preparando para nos ajudar. Quando passarmos por este portão, reportaremos às normas da casa e de seus diretores, portanto, aos que estão aqui pela primeira vez, observem e tentem aprender o máximo possível, pois nossos irmãos, tanto dessa quanto de outras casas que visitaremos, muito têm para nos ensinar. A esta altura já estávamos em frente aos irmãos que guardavam ao portão. Foi João que os cumprimentou: – Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, meus irmãos. Os índios responderam em coro: – Para sempre seja louvado. E um deles continuou:  É um prazer revê-lo, amigo João, e nossa casa sente-se abençoada por receber a todos que aqui chegam com o coração aberto e cheio de esperança para o trabalho. Sejam todos bem-vindos, irmãos de Aruanda. Foi, então, a vez de Cobra Coral falar: – Nós é que ficamos felizes, meu irmão Ubiratan, de podermos matar a saudade. E abraçou aos amigos, seguido no mesmo gesto por Pena Branca. Logo que entramos, um senhor de jaleco branco, alto, com fisionomia séria e de grandes olhos verdes, tendo o cabelo loiro em corte militar, já nos esperava. O lugar era de uma linda simplicidade: um canteiro de flores bem cuidado e uma belíssima fonte deixava o ambiente rodeado de energias naturais. O homem abraçou ao Preto Velho e à Maria, carinhosamente, e com um forte sotaque alemão disse-nos: – Sejam bem-vindos, meus amigos, e que Jesus nos abençoe nessa nova caminhada. – Ele já está abençoando – disse Maria – Amigos, este é Tomazzini, um grande amigo e trabalhador desta casa. Cumprimentamos o novo amigo, que, apesar de sua figura séria, transmitia uma energia de paz e amor a todos a sua volta,  com sua aura e que emanava uma cor verde clara. Ele nos encaminhou para dentro do centro espírita. Eu sabia da existência do trabalho kardecista quando encarnado, chamava-os de homens de branco, mas nunca imaginei a grandiosidade desse trabalho do lado físico. O local era um salão grande cheio de cadeiras e, do lado espiritual, havia uma grande enfermaria, com centenas de leitos e dezenas de sala, nas quais espíritos de jalecos brancos trabalhavam quase que em transe, de tanta dedicação em atender ao próximo: índios, negros, brancos, homens e mulheres, jovens e velhos ministravam passes, alimentavam os pacientes, conversavam com espíritos sofredores e tentavam de alguma forma ajudar a organização. Algo que também me surpreendeu, pois entre os espíritos também se encontravam os ainda encarnados e que trabalhavam naquele local. As salas de estudos estavam cheias deles que para ali vinham no momento do sono no corpo físico. Tomazzini nos levou até uma moça encarnada, loira, de meia idade, de sorriso fácil. Ela nos sorriu e Maria a abraçou com carinho e disse-nos: – Amigos esta nossa irmã é quem dirige esta casa no plano físico e nos levará com muito prazer à nossa reunião com os médiuns e que nos ajudarão neste trabalho. – Sejam todos bem- vindos à nossa casinha  disse-nos a doce mulher. Suas palavras transmitiam amor e uma linda luz azul rodeava sua aura. Ela nos dirigiu a uma sala ao lado, lá já se encontrava algumas dezenas de trabalhadores daquela casa, entre eles o médium que seria nosso companheiro nesta jornada, quando ele nos viu seu sorriso se abriu e as lágrimas caíram de seu rosto e veio ao nosso encontro, mas nada disse, apenas me abraçou e ficamos assim matando a saudade que era muita... 

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